sexta-feira, 23 de julho de 2010

Gato-Bravo



O gato-bravo (Felis silvestris), também conhecido como gato-selvagem, gato-cabeçana ou gato-montês, é um pequeno felino natural da Europa, África e Ásia. A espécie é bastante versátil e ocupa habitats diversificados como savanas, florestas e estepes. O gato-doméstico evoluiu a partir do gato-bravo e é considerado como sua sub-espécie (Felis silvestris catus).


Características.

O gato-bravo é um carnívoro de médio porte, semelhante aos gatos-domésticos, mas mais robusto. A cabeça é grande e arredondada, com um focinho curto e poderosas mandíbulas. Os olhos são geralmente verdes. As patas são curtas e fortes.
A pelagem é acastanhada e/ou acinzentada, o que permite camuflar-se no seu ambiente. A principal característica distintiva é a sua cauda grossa e de aspecto tufado, que apresenta 3 a 5 anéis pretos, largos e bem espaçados, terminando numa ponta negra arredondada. O corpo também tem riscas ao longo dos flancos e patas. Ao contrário de muitos gatos-domésticos, a pelagem do gato-bravo não tem pintas.

Os machos têm entre 52 e 65 cm de comprimento e pesam em média 5 kg (máximo 7 kg), enquanto as fêmeas medem entre 48 e 57 cm e pesam cerca de 3,5 kg. O peso dos animais varia sazonalmente.



Habitat.

O gato-bravo habita preferencialmente bosques fechados, mas também ocorrem em matagais mediterrâneos e florestas de coníferas. Durante o dia podem refugiar-se em buracos de árvores, fendas nas rochas ou tocas abandonadas de outros animais.


Comportamento.

É um animal tímido e esquivo, de hábitos nocturnos e difícil de observar na natureza. Como quase todos os felinos, o gato-bravo é um animal solitário.
Cada animal controla um território que defende tenazmente de invasores. Machos e fêmeas se buscam apenas na época do acasalamento, no final do inverno boreal. Os territórios podem ter entre 0.6 e 3,5 km², ainda que em Portugal os territórios tendem a ser maiores, alcançando 10-12 km².
Os gatos-bravos tem excelentes sentidos: audição, olfato e visão. São também grandes trepadores, passando grande parte do tempo sobre os ramos das árvores.


Alimentação.

O gato-bravo come principalmente pequenos mamíferos como roedores (ratos-selvagens) e lagomorfos (coelhos e lebres). Também come aves e, mais raramente, pode se alimentar de répteis, anfíbios e até mesmo de insectos.


Reprodução.

Os acasalamentos ocorrem no final do inverno, entre janeiro a março. Nessa época os machos mais dominantes copulam com várias fêmeas. Após um período de gestação de entre 63 a 70 dias nascem os filhotes, a maioria entre o final de março e o final de abril. As ninhadas têm entre 3 a 7 crias. As fêmeas tem uma ninhada por ano.
As crias são amamentadas por entre 6 a 7 semanas, e a partir dessa idade começam a se tornar independentes e a buscar um território. As fêmeas alcançam a maturidade sexual aos 9-10 meses de idade, e os machos aos 12 meses.


Distribuição e sub-espécies.

As várias sub-espécies selvagens do gato-bravo têm ampla distribuição geográfica, ocorrendo em grande parte da Europa, Ásia e quase toda a África excetuando o deserto do Sahara.

Distribuição das subespécies de Gato-bravo no Velho Mundo baseada num estudo genético de 2007. Na Europa a variedade F. silvestris silvestris já teve uma distribuição mais ampla no passado (verde claro) que hoje (verde-escuro).

De acordo com um estudo genético de 2007, há cinco sub-espécies de gato-bravo:

Felis silvestris silvestris (Europa e Turquia).
Felis silvestris lybica (Norte da África, Oriente Médio e Ásia Central).
Felis silvestris cafra (África subsariana).
Felis silvestris ornata (Paquistão, noroeste da Índia, Mongólia e norte da China).
Felis silvestris bieti (China).


Além das sub-espécies selvagens, os gatos-domésticos são considerados membros da subespécie Felis silvestris catus, derivada da domesticação do gato-da-Líbia (Felis silvestris lybica) na região do Crescente Fértil mais de 9000 anos atrás.
O gato-bravo desapareceu de várias regiões da Europa Ocidental. Em Portugal ocorre a sub-espécie Felis silvestris silvestris de norte a sul do país, mas não se conhece sua tendência populacional. Várias áreas de conservação em Portugal abrigam populações de gatos-bravos, como o Parque Nacional da Peneda-Gerês, Parque Natural do Alvão, o Parque Natural de Montesinho, o Parque Natural do Douro Internacional, o Parque Natural da Serra de São Mamede, a Reserva Natural Serra da Malcata e outros.


Ameaças.

Ainda que globalmente considerado uma espécie abundante, o gato-bravo é ameaçado localmente pela caça furtiva, destruição de habitats e diminuição de suas presas naturais (roedores e coelhos). Na Europa, um dos principais problemas é a hibridação da sub-espécie selvagem, Felis silvestris silvestris, com o gato-doméstico, que pertence a outra sub-espécie. Estudos genéticos mostram que, em algumas regiões europeias, grande parte dos gatos-bravos europeus são híbridos entre as sub-espécies selvagem e doméstica.

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