segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Águia-imperial-ibérica


A águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti) é uma espécie de águia endémica do sudoeste da Península Ibérica e norte de Marrocos. Até pouco tempo era considerada uma subespécie da águia-imperial-oriental (Aquila heliaca), porém os estudos do ADN de ambas as aves demonstraram que estavam suficientemente separados para cada uma constituir uma espécie válida. A águia-imperial-ibérica encontra-se actualmente em perigo de extinção.


Descrição

A sua plumagem é parda muito escura em todo o corpo, excepto nos ombros e parte superior das asas, de cor branca. A nuca é ligeiramente mais pálida que as outras partes do corpo, e a cauda mais escura, sem faixas claras ou linhas brancas como na águia-imperial-oriental. No caso dos indivíduos subadultos, estes são pardos avermelhados, sem diferenças de coloração, e não desenvolvem a plumagem dos indivíduos até aos 5 anos de idade, ao mesmo tempo que atingem a maturidade sexual. O tamanho médio dos adultos é de 80 cm de altura e 2,8 kg, se bem que as fêmeas, maiores que os machos, possam chegar aos 3,5 kg. A envergadura varia entre os 1,9 e 2,2 m.

Habita em áreas de sobreiros e azinheiras esparsos, com pradarias próximas. A base da sua alimentação é constituída por coelhos, que caçam solitárias ou em parelha. Também depreda sobre lebres, pombos, corvos e outras aves, e em menor escala raposas e pequenos roedores, podendo alimentar-se ocasionalmente de carne de cadáveres. As capturas são consideravelmente menores que as da águia-real, dado que as garras da imperial não são tão fortes como as da real.

Ao contrário da águia-imperial da Eurásia e África oriental, a espécie ibérica não emigra. Cada casal defende a sua zona de caça e reprodução (uns 2000 hectares) durante todo o ano.


Reprodução

A águia-imperial-ibérica é monogâmica. A época de acasalamento tem lugar de Março a Julho, durante a qual as águias restauram um dos ninhos que têm usado durante anos, rodando de um para outro. Estes ninhos estão situados na copa de árvores como sobreiros e pinheiros. Nas zonas de reflorestação habituaram-se a nidificar sobre eucaliptos, apesar de ser esta una espécie alóctone. Nidificam tanto em ramos altos como baixos.

A postura típica consta de quatro a cinco ovos de 130 gramas de peso que são incubados durante 43 dias. É normal desenvolverem-se até três crias, ainda que esta tendência tenha diminuído ao longo dos últimos anos devido ao uso de pesticidas, que aumentam o número de ovos estéreis. Se o ano é mau e há pouca comida, a cria maior monopoliza-a e é a única que sobrevive; não obstante, pode-se dizer que a águia-imperial-ibérica não pratica o cainismo. Quando necessitam de ir em busca de comida, os progenitores cobrem os ovos ou crias com folhas e ramos para evitar que sejam descobertos pelos predadores, algo que por vezes não é suficiente, resultando que algumas crias sejam capturadas por uma águia-real ou, no caso de ninhos baixos, por uma raposa ou outro carnívoro de tamanho médio.

As crias abandonam os ninhos entre os 65 e os 78 dias, mas continuam a viver nas imediações e a ser alimentados pelos progenitores durante quatro meses. Após este tempo, tornam-se independentes e iniciam uma vida nómada. Quando alcançam a maturidade sexual visitam frequentemente os limites dos territórios de casais sedentários em busca de algum indivíduo de sexo oposto solteiro ou viúvo. Os jovens nómadas são frequentemente atacados pelos casais adultos em cujos territórios entram.

Águia-gritadeira


A águia-gritadeira (Aquila clanga) é uma águia muito semelhante à águia-pomarina, com a qual pode ser facilmente confundida, tanto mais que os seus habitats se sobrepõem e as duas espécies dão origem a híbridos. É toda escura, apresentando malhas apenas na plumagem juvenil. Possui uma "ferradura" branca na base da cauda, tal como a pomarina. Tem um comprimento de 65-72 cm e uma envergadura de asas de 155-180 cm. Reproduz-se no nordeste da Europa em florestas densas, próximo de rios ou lagos.

Em Portugal esta espécie é rara, mas nos últimos anos tem sido observada a presença de um ou dois indivíduos invernantes, principalmente no estuário do Tejo.